MUSEUS DO CENTRO HISTÓRICO DE QUITO
Fui conhecer o Equador em setembro de 2022. A capital, Quito, que recebeu o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, possui vários museus no seu Centro Histórico. Fui conhecer alguns deles e, como são bem próximos, os conheci no mesmo dia.
MUSEU DA CIDADE
O Museu da Cidade está instalado na Calle Garcia Moreno, próximo ao Arco de la Reina, no Centro Histórico. Foi fundado em 23 de julho de 1998, no prédio onde funcionava o Hospital San Juan de Dios, construído no século 16, que serviu a população de 1565 a 1974.
Seu acervo permanente está bem organizado, narrando a história de Quito, contando o desenvolvimento e costumes da população, através de textos, réplicas de casas, objetos, dentre outros.
Há salas com o período de 10.000 anos atrás a 3.500 anos (artefatos em pedra, nômades); de 3.5000 anos atrás a 500 anos (domesticação de animais, lavoura, cerâmica); regime colonial, com a chegada dos espanhóis (novas relações econômicas, políticas e sociais); pós independência (novas mudanças econômicas e sociais surgiram) e a cidade na modernidade (melhoria no sistema de transporte, planejamento urbano).
Uma ala do museu está dedicada ao antigo hospital, com fotos e réplicas da enfermaria. O hospital no período de 1565 a 1705 tinha o nome de "Hospital Real da Misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo" gerido pela Irmandade da Caridade e Misericórdia. Entre 1706 a 1830, passou pela ordem dos belemitas. De meados do século 19 até 1974, sua administração foi pelo Estado, momento em que as Irmãs de Caridade apoiaram o trabalho médico.
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Ala do antigo hospital |
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Ala do antigo hospital |
CASA MUSEU MARIA AUGUSTA URRUTIA
Uma cidadã importante de Quito, nascida em 1901, com muitos familiares que foram heróis da Independência do país. Pertencente a alta sociedade, devota a Deus, Dona Maria Augusta dedicou sua vida a trabalhos sociais, ajudou os mais humildes, procurando melhorar a qualidade de vida dos pobres.
Na visitação, conheci o quarto com máquinas de costura onde eram confeccionadas roupas a serem doadas para os pobres.
Dona Maria Augusta recebeu do governo a Medalha da Ordem Nacional ao Mérito.
O museu, criado em 1989, fica na Calle Garcia Moreno, 760 (entre a Sucre e Bolivar), onde a sra. Maria Augusta morava. A casa foi construída no século XIX (1830) e mantida da mesma forma até hoje. Na cozinha do segundo piso pode ser visto moedores de café, máquina de sorvete, formas de chocolate e muitas porcelanas e cristais. No banheiro, com peças inglesas, pisos e azulejos belgas, está seu perfume preferido. Na sala de jantar uma mesa posta, conforme o costume da aristocracia. No quarto principal, pinturas dos Arcanjos feita por Mideros, mostrando sua religiosidade.
A visita é guiada e as fotos não são permitidas (coloco aqui fotos de sites da internet). O acervo conta com móveis europeus e pinturas de Victor Mideros. É cobrada taxa de entrada, porém ganhei de brinde uma bebida no Restaurante San Ignacio.
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Cozinha do 2º piso |
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Quarto principal |
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Sala de Jantar |
MUSEU NUMISMÁTICA
Localizado na Calle Garcia Moreno, este museu está no edifício do Banco Central do Equador.
O museu foi criado em 2001, com um acervo que mostra as espécies monetárias do Equador, após uma pesquisa numismática que aconteceu de 1998 a 1999. São mais de mil peças numismáticas, com algumas aquisições de 1938, feitas pelo Banco Central.
O acervo permanente está distribuído em 04 salas, sendo a primeira da época dos aborígenes, com sistema de troca de produtos. A segunda traz vários tipos de moedas cunhadas, que compunham a Corte Real de Quito. Na terceira sala, a construção do Estado-Nação, com a fundação da Casa da Moeda de Quito. Na última sala, está a criação do Banco Central, criado em 1927.
MUSEU CASA SUCRE
O museu fica na Calle Venezuela esquina com a Calle Sucre, no Centro Histórico. É uma casa de época, estilo colonial e seu acervo mostra como vivia a sociedade no século 18 e 19.
O museu é dedicado a memória de seus ilustres moradores, o marechal venezuelano Antonio José de Sucre (herói da independência da América Latina) e sua esposa, sra. Mariana Carcelén, marquesa de Solanda y Villarocha. A sra. Mariana herdou o título e a casa do seu pai, Felipe Carcelén de Guevara y Sanchez de Orellana, que foi o primeiro prefeito ordinário do Cabido da cidade de Quito.
Sucre comprou a propriedade em 1828, após o casamento, sendo que o marechal havia estipulado em testamento que a casa seria herdada por sua filha Teresa, mas a menina faleceu em 1831, retornando a propriedade à sua mãe, que havia casado novamente. A marquesa morreu em 1861, sendo seu herdeiro o filho, Luis Felipe Barriga y Carcelén de Guevara, que era casado com a filha do general Juan José Flores, primeiro presidente do Equador. O estilo de vida elevado de Luis Felipe e esposa os levaram a problemas econômicos, necessitando vender partes do imóvel até a venda final.
Em 1970, a Honorável Junta de Defesa Nacional administra a compra da propriedade, onde hoje está o museu. Em 1972 foi iniciada a recuperação integral do imóvel pelo Ministério da Defesa, sendo que o arquiteto responsável reinterpretou cartas enviadas por Sucre, recuperando os cômodos históricos do casarão.
Em 1977, o museu foi aberto ao público. Novas obras de restauro foram realizadas no início do século 21 e o museu foi reaberto em maio de 2008.
A casa tem pátio central em estilo andaluz e dois pisos, sendo que o andar térreo era para os funcionários da casa e o segundo andar, para uso da família. No acervo estão objetos pessoais do casal, móveis , mapas e documentos da época da independência.
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Pátio interno com fonte |
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Salão Nobre |
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Detalhe da construção da parede |
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Teto salão nobre |
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Pátio inteno |
MUSEU DO PASILLO
Inaugurado em dezembro/2018, o museu foi criado englobando uma visão geral da música equatoriana, em especial na música de salão gênero. Seu acervo, com documentos, discos e instrumentos musicais, divulga dados históricos sobre a música, intérpretes e compositores nacionais. Funciona num belo prédio tombado, construído em 1907, onde funcionava o Arquivo Histórico do Banco Central.
Em suas salas, você passa pelas primeiras músicas e instrumentos musicais, as serenatas e os principais cantores equatorianos (Julio Jaramillo, Carlos Bonilla, dentre outros), estando disponíveis ao visitante ouvir as músicas e até um karaokê.
O gênero musical pasillo ocupa um lugar importante na trajetória da música equatoriana, da época da independência até o novo milênio.
A visita é guiada, com número limite de visitantes por horário. Entrada gratuita.
MUSEU CARMEN DO ALTO
O Museu Monastério Carmen do Alto, ao lado da Igreja Carmen do Alto, foi planejado em 2012 e tem por objetivo preservar o patrimônio religioso, com exposições permanentes que mostram: as obras de arte do mosteiro; a história e vida cotidiana das Carmelitas Descalças e a vida de Mariana de Jesus (1618-1645) - Santa Quiteña, primeira santa do Equador, que foi crucificada para salvar a cidade.
O Monastério foi construído em 1653 e ainda abriga as irmãs carmelitas.
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Sala das refeições |
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Pátio interno |
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Detalhe da fechadura da porta |
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Vestuário de época |
MUSEU SÃO FRANCISCO
Localizado na praça de mesmo nome, o museu de Arte Sacra São Francisco abriga também o museu Frei Pedro Gocial.
O edifício foi construído no século 16, sendo que em seu acervo estão pinturas de artistas equatorianos renomados, esculturas e móveis de época.
Do Museu é possível acessar o coro da Igreja de São Francisco e seu interior.
O Museu Frei Pedro Gocial exibe belas coleções de Arte, do período do século 16 ao século 18.
Há taxa de visitação.
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Pátio interno |
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Coro da Igreja de São Francisco |
CENTRO CULTURAL
O Centro Cultural de Quito está instalado em um prédio de 1622, na Calle Garcia Moreno esquina com a Calle Espejo, próximo à Praça Grande. Foi fundado em 1997.
Possui um acervo permanente interessante, com documentos, fotografias, além de uma excelente cafeteria no andar térreo e biblioteca. A visita é gratuita.
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